sexta-feira, 7 de novembro de 2014

FRIDAS EM CENA

Em 2014 se completam 60 anos da morte da pintora mexicana por excelência, Frida Kahlo, uma mulher forte que rompeu com os padrões de sua época e cuja obra tem valores próprios e eternos. A filha do fotógrafo alemão Guillermo Kahlo e da mexicana Matilde Calderón morreu em 13 de julho de 1954, após uma carreira inicialmente impulsionada pela fama de seu marido, o muralista Diego Rivera, anos depois a artista se tornou um dos grandes nomes da pintura mexicana, grande expoente do surrealismo e também em um ícone da 'mexicanidade', da liberdade sexual e do feminismo.
'Frida Kahlo é uma obra de arte em si mesma porque se dedicou a transformar um corpo quebrado em arte', já que ela e sua condição foram às protagonistas de sua obra, o sucesso da artista se deve a sua originalidade e a sua falta de pretensão, por se mostrar tal como é. 'Ela nunca dizia que sofria, embora mostrasse a dor em sua obra',
Para, Frida pintar era uma catarse de sua dor e através da representação de suas próprias dores conseguia fortalecer sua vida. Nada na obra de Frida é improvisado e que 'não tem nada de primitivismo ou de ingenuidade que tenha surgido do nada’. Graças à fama de Rivera, 'um dos principais guias em seu trabalho artístico', Frida viajou para cidades como Nova York e Paris e conviveu com os artistas e estilos da época, que foram impactando sua pintura.
Sua musa preferida era ela mesma, pois na hora de se vestir, Frida estudava os detalhes das combinações entre rendas, texturas e estampas diferentes com o mesmo cuidado que planejava a pintura de um de seus autorretratos. Kahlo projetava através de sua imagem características como força, independência, autonomia e vitalidade. Gostava de combinar a roupa com exageradas joias, xales e coroas de flores entrelaçadas nos longos cabelos. Colocava a sua alma em sua maneira de se vestir e procurava assim expressar através das roupas a força que faltava ao seu corpo fragilizado pela pólio e pelo fatídico acidente de trânsito pelo que passou. Ela demonstrava sem hesitar todo o seu amor pelo México e se orgulhava de seus vestidos de tehuana, blusas huipil e saias floridas. O impacto de seu estilo na época foi tamanho que a designer Elsa Schiaparelli chegou a criar um vestido em sua homenagem, o Robe Madame Rivera, naquela época.
Com as roupas, ela também escondia problemas físicos, a dor derivada das inúmeras cirurgias pelas quais passou a solidão, a tristeza. Sua saúde a deixou inválida fisicamente e o seu companheiro, o pintor Diego Rivera, o fez emocionalmente. A maneira com que reagiu ao divórcio foi mais uma prova de como seu estilo era um espelho de sua condição psicológica. Depois da separação, renunciou provisoriamente àquilo que o ex-marido mais amava nela: a feminilidade de ruas roupas. Frida cortou o cabelo, passou a vestir trajes de homem e celebrou assim o luto da união perdida por um bom tempo. Quando precisava se renovar, ela alterava também seu estilo de se vestir. Suas icônicas sobrancelhas, por exemplo, não deixavam ninguém indiferente e viraram marca registrada da artista. Em uma carta que escreveu para seu ex-marido Diego Rivera, confessou uma vez com orgulho e satisfação: “Em todas as reuniões que eu assistir e onde eu estiver o foco é sempre eu: meus lindos trajes bordados de indígena com meus cocares de flores e minha invalidez”.


Fridas em Cena - Ensaio Aberto 

Coletivo Aqui Tem Dono

20 De Dezembro de 2014
As 19 horas
Teatro União Cultural Brasil Estados Unidos.